terça-feira, 6 de outubro de 2009

...espasmos bélicos




Sugam a poesia na pujante
erecção do pénis que jaz
prostrado sob a língua
na cavidade bocal.

Cospem o infame esperma
sob o vegetante orgasmo
das glandes putrefactas.

Uivam o poema no pardo
umbral das vaginas sãs
em espasmos bélicos
à falta do vibrador.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tesos de vaidade



O general convoca o esquadrão da morte.
Atrozes carniceiros, tesos de vaidade,
submissos às convenientes disposições,
salivam de raiva pelos caninos
que atiçam às indefesas presas.

Num farejar incessante,
de foice na não,
separam o trigo do joio,
cravando laivos de arrogância
às portas do paraíso.

A chusma aplaude em uníssono
a aplicação desta precisa probidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Flatulência oral




Retumbam os rufos
dos tambores, anunciando
o assomar do facundo mestre.

Antecedem-no as formosas
concubinas, espalhando
a serventia, sob as rubras
pétalas da ostentação.

Dobram-se os joelhos, no
inclinar solene da cabeça,
ao prostrar ímpio dos lacaios.

Comungam os promíscuos
a fome, sob o arroto
enfático da vaidade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Marcha Fúnebre




Desce o carrasco
o caixão para a cova
sob o medonho choro
das beatas!

Sete palmos de terra
esquecem agora o morto
às mãos da viúva outrora
mal-amada!

Travo a última passa
no cigarro ainda apagado
às portas do cemitério!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Prostitui-se a Palavra!


Como impiedosos chulos,
sedentos de proveito,
desprovidos de respeito,
prostituem a palavra!

Tudo por um poema,
como se a poesia fosse vã,
vale tudo mesmo a martelo,
qual corpo são em mente sã!

Caso a dita palavra
não apresente serviço
é espremida até ao tutano
ou espancada com o açoite!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Oral Spread


Era uma quente tarde de Agosto
aquela em que a pobre da Maria,
errante, se finava a contra gosto!

Funesto acontecimento lá na vila,
o trágico acidente numa vacaria,
quando na garganta enfiou a pila!

No velório, grande o espalhafato,
por entre lágrimas de crocodilo,
atropelam-se as beatas no boato!

Finalmente, lá enterram a Maria,
sob o zumbido sibilante do grilo,
vítima de uma lição de Anatomia!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Poeta morto faz cócegas


Pressinto os esbaforidos focinhos
dos cães que buscam, incessantes,
as marcas dos proscritos errantes,
farejando todos os becos vizinhos!

Veemente perseguição do rapace
na ânsia de caçar a querida presa,
para os nobres devorarem à mesa,
devidamente servidos com alface!

Vasculham cantos em casa alheia
sob o espectro perverso do terror,
dilaceram mentes por puro rancor,
injectando a desprezível panaceia!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Dia Mundial do Orgasmo



Até o orgasmo tem direito ao seu dia! Estou deveras admirado! Orgasmo não será quando o Homem quiser e a Mulher fingir? (Ai que machista me estás a sair!) Falando a sério, não fazia a mínima ideia que orgasmo tivesse direito ao seu dia. Sim, eu sei que existem muitas cabeças brilhantes que apenas têm direito a um orgasmo uma vez no ano. Mas prontos, perdoem-me esta minha ignorância! Vamos lá exercitar as mentes e com orgasmos múltiplos delirar, porque hoje é o dia!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pintos "Technicolor"

"Podia ser um anúncio sobre as potencialidades de cor de um qualquer sistema audiovisual daqueles que fazem saltar as imagens do ecrã, de tão coloridos que são. Mas não é um anúncio. Estes pintos foram pintados, um a um para serem vendidos como animais de estimação num mercado de manila, nas Filipinas. Custam 8 cêntimos." (in Público)

Como não bastou a tão propagada gripe das aves, agora virou moda pintar os pintos. Chamam-lhe os pintos ‘technicolor! Já estou a imaginar, caso a dita chegue cá, uma ‘tia’ chegar à feira da ladra e num espampanante apregoar “Olhe, faz favor, pinte-me aí um pinto de azul para pôr lá na minha cozinha. Vai ficar a matar com os novos cortinados!”
Até já estou a pensar montar um daqueles negócios de família. As galinhas põem os pintos e eu pinto-os. Que isto de ser pinto, é preciso ter pinta, ou melhor dizendo, tinta!

Burros nós?... nah


Não há memória, pelo menos da minha, de tamanha propagação de surtos de ignorância e estupidez… Altamente contagiantes, corremos o risco de ficar todos contaminados por estes entusiasmados vírus que pairam por aí à solta… Até os burros, pobres criaturas em vias de extinção, não estão imunes a esta pandemia, podendo desaparecer da face da terra num curto espaço de míseros dias… A conselho do meu médico de família, ilustre senhor desconhecido, vou construir um abrigo subterrâneo, sob o meu quintal, completamente isolado, à prova de qualquer diarreia mental… Preparem-se meus caros amigos, pois tudo aponta para que o surto de propagação acelere vertiginosamente à medida que nos formos aproximando do tão ansiado escrutínio… A procissão ainda vai no adro…

terça-feira, 28 de julho de 2009

Substância!


O calor afecta a capacidade dos neurónios funcionar. Um estado de moleza parasita apodera-se do cérebro, impedindo o curto-circuito necessário à criação. Muito boa gente, que se julga prima-dona no que toca à arte de bem escrever, presenteia-nos com autênticas facúndias, abundantes e estéreis, capazes de gerar os mais idiotas e delirantes encómios das súbditas hostes. Infortúnio apanágio desta sociedade órfã de valores, desprovida da capacidade de pensamento próprio, manipulada pelos interesses fundamentalistas dos grupos de pressão! Lutaram até à morte muitos dos nossos antepassados para se livrarem de toda a espécie de escravidão, para agora nos sujeitarmos a mandos absolutos e arbitrários, vontades imperiosas e caprichosas, de alguns indivíduos cheios de substância!

Tourada!


Ele é o pinho que aponha os chavelhos lá do alto da tribuna, na direcção da bancada vermelha. Logo a seguir o pobre do homem que tivera um daqueles momentos desvairados, a que tanto nos habituou, afirma que não se demitia, não havia razões para tal cousa. No entanto, nem um suspiro havia decorrido e já estava o nosso primeiro a anunciar o pedido de demissão do ministro, num daqueles actos de nobreza em prol da nação.

Ele é pior a emenda que o soneto. Tão atarantados eles andam, após o fiasco redondo das europeias. Ele é o diz que disse, mas afinal não disse, ou o que não disse mas disse mesmo. Haja paciência para tamanha incongruência!

Pois eu deixo um conselho para o pinho. Agora que os dias de calor estão aí à porta, aproveite é vá demolhar para a piscina com o das medalhas olímpicas. Beba umas imperiais, esqueça lá os chifres na testa, e quando estiver todo bronzeado e farto de tanta festa, aceite o emprego do camarada joe! Acabam-se as preocupações e a conta cresce mais uns milhões!

Estranho Ritual... Este


Percorrendo as escuras ruas alimentadas pelo ópio da sociedade ignorante, lá estavam elas, as putas, abandonadas às obstinadas garras dos nauseabundos prazeres que habitam o cerne dos chulos que as exploram sem dó nem pudor…
Parei nos corredores do tempo, sob as trevas dos umbrais envenenados, onde se forjam as afiadas línguas… Absorto no presságio da cruel profanação, libertei o suspiro no eco da revolta… ‘puta que pariu tudo isto!...’
Reparo nos solenes hipócritas que assistem impávidos e serenos à silenciada decapitação, escarrando deliberadamente sobre os despojos da sombra que outrora beijavam com avidez…
O dia alvorece, sob o espectro da conspurcada aurora… a manchete dos jornais propaga o ultimato da santa providência… ‘não haverá lugar para mais tolerância às putas que proliferam pelas nossas ruas…’
As beatas regozijam-se de contentamento, correndo para acender mais uma velinha, bendizendo a todos os santos por tamanha exímia limpeza!!!

Capacho de Sua Senhoria


(Panteão)
Adula-me caro amigo, prostra-te
diante dos meus pés, contempla
a aura imaculada, sem mancha
do pecado original, bajula-me!

(Plebe)
Ó meu nobre senhor, ilustríssimo
gentio, do qual não sou, sequer
digno de engraxar as sapatas!

(Panteão)
És servo bom e fiel, merecedor
da minha estima, não és torpe
e infame, como a ingrata ralé!

(Plebe)
Jamais ousaria difamar, vossa
distinta realeza, sou humilde e
simples servo, mero obséquio,
da vontade de V. Excelência!

(Panteão)
Agora sim, és digno de ilustre
condição, serás o promovido
a súbdito oficial desta nação!