segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tesos de vaidade



O general convoca o esquadrão da morte.
Atrozes carniceiros, tesos de vaidade,
submissos às convenientes disposições,
salivam de raiva pelos caninos
que atiçam às indefesas presas.

Num farejar incessante,
de foice na não,
separam o trigo do joio,
cravando laivos de arrogância
às portas do paraíso.

A chusma aplaude em uníssono
a aplicação desta precisa probidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Flatulência oral




Retumbam os rufos
dos tambores, anunciando
o assomar do facundo mestre.

Antecedem-no as formosas
concubinas, espalhando
a serventia, sob as rubras
pétalas da ostentação.

Dobram-se os joelhos, no
inclinar solene da cabeça,
ao prostrar ímpio dos lacaios.

Comungam os promíscuos
a fome, sob o arroto
enfático da vaidade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Marcha Fúnebre




Desce o carrasco
o caixão para a cova
sob o medonho choro
das beatas!

Sete palmos de terra
esquecem agora o morto
às mãos da viúva outrora
mal-amada!

Travo a última passa
no cigarro ainda apagado
às portas do cemitério!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Prostitui-se a Palavra!


Como impiedosos chulos,
sedentos de proveito,
desprovidos de respeito,
prostituem a palavra!

Tudo por um poema,
como se a poesia fosse vã,
vale tudo mesmo a martelo,
qual corpo são em mente sã!

Caso a dita palavra
não apresente serviço
é espremida até ao tutano
ou espancada com o açoite!